Homenagem da Casa da América Latina a Fausto Wolff
A melhor homenagem que a Casa da América Latina pode fazer a Fausto Wolff é através das suas próprias palavras. Relendo a mensagem que ele dedicou à fundação da entidade, em 31 de agosto de 2007, vemos a falta que ele fará.
"Depois de voltarmos as costas de modo arrogante e indelicado para a América Latina, preferindo nos comportar como tietes de Portugal, Inglaterra, França e dos Estados Unidos, parece que desta vez um grupo de pessoas corajosas e inteligentes entendeu que o Brasil é parte importantíssima da América Latina.
Em boa hora surge a Casa da América Latina, para urgentemente promover encontros culturais, políticos e sociais com nossos irmãos abaixo do Equador.
É um absurdo que conheçamos intimamente a vida de uma atriz norte-americana e pouquíssimo saibamos sobre o Equador e até mesmo sobre o vizinho Uruguai.
Somos vítimas de um corte cultural que teve início com o golpe militar de 64 quando começamos a perder nossa música, nossa arte, nossa imprensa e nossa identidade.
Passamos a ser um povo que não sabe quem é, de onde veio e para onde vai; o povo ideal para o laboratório do neoliberalismo e a audiência ideal para o lixo cinematográfico americano, que ensina as crianças a se drogar, a roubar e a matar sem que atitude alguma seja tomada. Pior que o crime é a banalização do crime.
Enquanto o Brasil não se reconhecer latino-americano, teremos poucas chances de nos tornarmos uma grande nação. Abaixo a violência e abaixo a elite que a produz.
Longa vida à Casa da América Latina."
Fausto Wolff
(¹) http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u442314.shtml
Foto: www.gardenal.org