A melhor maneira de homenagear este grande teatrólogo e provocador de mentes em favor das liberdades cidadãs é reproduzindo as suas próprias palavras e espalhando-as pelo ambiente virtual, onde ele também se encontra, neste momento.
"Quanto a fase nacionalista do teatro foi sucedida pela nacionalização dos clássicos, o teatro chegou ao povo, indo buscá-lo nas ruas, nas conchas acústicas, nos adros de igrejas, no Nordeste e na periferia de São Paulo.
"Esses espetáculos, festas populares, eram gratuitos, mas o artista é um profissional. Conseguia-se apoio econômico que tornava o desenvolvimento possível.
"Já não se consegue. A platéia foi golpeada. Que pode agora acontecer?
"O único caminho que parece agora aberto é o da elitização do teatro. E este deve ser recusado, sob pena transformarem- se os artista em bobos de corte burguesa, ao invés de encontrarem no povo a sua inspiração e o seu destino.
"O beco não parece ter saída. A quem interessa que o teatro seja popular? Descontando- se o povo e alguns artistas renitentes, parece que a ninguém de mando e poder.
"Vindo o que vier, neste momento de morte clínica do teatro, muitos são os responsáveis: devemos todos analisar nossas ações e omissões.
"Que cada um diga o que fez, a que veio e por que ficou. E que cada um tenha a coragem de, não sabendo por que permanece, retirar-se."
Augusto Boal aderiu à Marcha Mundial pela Paz e a não-violência com a frase:
"Paz sim, passividade não!"
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Imagem: Augusto Boal recebe o "Prêmio Transfronteiras pela Paz e a Democracia" no Teatro Abbey, em Dublin (Irlanda). 3 de abril de 2008. Fonte: Wikimedia commons.